Esta carta foi elaborada por algumas bolsistas dessa universidade no intuito de aproveitar o clima de mobilizações iniciadas nesse semestre para que os nossos problemas sejam incorporados e a partir daí criar o germe que impulsionará nossa luta.
“O nada é impossível a quem sabe ousar.”
(O Monge, de Lewis)
A situação que se encontra a assistência estudantil na UFPE, está a cada dia mais vergonhosa, infelizmente essa realidade é mascarada por uma reitoria que se diz democrática. Pode soar contraditório fazer essa afirmação passado poucos dias da tão esperada inauguração do R.U.
Fato é que nós bolsistas, somos milhares e ganhamos apenas R$241,00 para trabalhar 20h semanais, sem nenhum direito e só deveres, deveres esses em patamares inferiores a dos servidores daqui. Estamos submetidos a condições precárias de trabalho, os afazeres que são negados pelos servidores somos nós que fazemos.
Para se ter uma idéia relataremos alguns fatos ocorridos em nossas bolsas: Os bolsistas que trabalham nas bibliotecas por exemplo, não recebem materiais de proteção individual (luvas, máscaras, etc), pois estão expostos à poeira, ácaros, etc. Existem casos de bolsistas que trabalham no setor que assiste a funcionários que contraíram doenças no trabalho e que por manusear arquivos antigos sem proteção, também estão contraindo doenças relativas a essa exposição, a diferença é que eles não tem para onde recorrer e nem temos pela UFPE plano de saúde.
Outras situações gritantes são a de casos de racismo, machismo, homofobia, e discriminação social/econômica a que nós bolsistas sofremos. Humilhações por parte de chefes e servidores são recorrentes, notamos que não há mobilização por medo de sermos perseguidos e sofrer retaliações como a perda da bolsa.
É claro que para o governo e a reitoria é muito vantajoso ter bolsistas recebendo essa remuneração e ocupando o espaço dos funcionários, é uma economia gigante e “mata dois coelhos com uma cajadada só” pois além de economizar com a remuneração dos bolsistas, pois o salário base de um servidor no cargo administrativo é em média R $1.800,00 ele ainda dar uma satisfação para os estudantes que a Reitoria está disponibilizando milhares de bolsas de manutenção acadêmica.
É por isso que elaboramos essa carta para que seja de conhecimento de todos as condições que nos encontramos e logo abaixo segue um esboço da nossa pauta de reivindicações (com possibilidades de acréscimos de itens).
PAUTA DE REIVINDICAÇÕES:
1. Aumento do valor das bolsas para um salário mínimo já!
2. Transformação das bolsas de manutenção em bolsas de pesquisa se for da vontade do bolsista.
3. Direito a férias e recesso.
4. Não pagamento dos dias que faltamos para ir a aulas de campo, excursões, encontros, congressos e demais atividades acadêmicas
5. Nos períodos de provas e trabalhos ter regime especial de carga horária, podendo sair antes do horário ou faltas justificadas.
6. Criação de um regimento para as atribuições dos bolsistas para evitar desvio de função.
7. Punição para as pessoas que destratam os bolsistas, sejam coordenadores, professores, técnicos administrativos, público em geral.
8. Fornecimento de material de proteção para quem trabalha em locais que expõe a saúde como: bibliotecas, almoxarifados, etc. Acréscimo de um valor na bolsa por periculosidade ou exposição.
9. Recebimento de auxílio passagem e direito à gratuidade no Restaurante Universitário.
10. Direito a acumulação de bolsas sejam elas de monitoria, pesquisa, auxílios diversos etc.
11. Recebimento da bolsa sem atraso para data fixa, sujeito a faltas justificadas por atraso de pagamento.
12. Concursos públicos para técnico-administrativos das universidades públicas.
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