terça-feira, 20 de março de 2012

Pernambuco é palco de mais um caso de homofobia



Todas as semanas vemos surgir na internet ou nos jornais histórias de lésbicas, bissexuais, gays, transexuais ou travestis que sofreram violência, seja física ou psicológica. No dia 14 de março, tivemos o casal de lésbicas sendo proibidas de se beijar no bar Socaldinho, em Boa viagem. Em 2010, lembramos do José Ricardo, brutalmente assassinado por ser homossexual. Pernambuco vem sendo palco de cenas de horror que o colocam no pior ranking de assassinatos por homofobia. Até outubro de 2011,o estado já apresentava 18 homicídios contra homossexuais naquele ano.
Não devemos esquecer que esses números são muito maiores na prática. Como a homofobia não é criminalizada no país, não temos acesso à situação real a que está colocada o conjunto dos LGBT’s.  Seja na escola, nas ruas, nos postos de trabalho, cada um de nós, homossexuais, temos relatos de homofobia a serem feitos. Para além dos casos de violência em si, na grande maioria das vezes, nos deparamos com o total despreparo por parte da polícia para lidar com a situação. Não dá pra esquecer o casal que foi espancado no último 10 de março em Salvador, e teve que recorrer  à 3 delegacias para conseguir registrar a queixa. Por parte do Estado não se garante segurança para os LGBT’s, nem punição aos homofóbicos.
Diante dessa realidade, a necessidade da aprovação do PLC 122 – projeto de lei que criminaliza a homofobia- é real. Enquanto não for crime agredir homossexuais, física ou psicologicamente,  nós andaremos pelas ruas com medo.
No ano passado, vimos o papel retrógrado, e por que não, reacionário, que Dilma cumpriu frente ao conjunto do movimento LGBT.  O kit anti-homofobia nas escolas, que vinha fazer a discussão sobre a homofobia na educação apresentava uma série de debilidades, é verdade. No entanto, cumpriria um papel fundamental para iniciar a discussão, e era uma pauta reinvidicada pelo movimento. Dilma, cedendo às pressões da reacionária bancada evangélica, suspendeu o material antes mesmo de conhecê-lo. Ou ainda a mutilação da PLC 122 por Marta Suplicy, fruto de um acordo com a ABGLT – Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Transexuais e Travestis-, Marta Suplicy e um setor da bancada evangélica do Senado. Na prática, segue a permissão para o humor homofóbico nas televisões, a proibição de demonstração púlica de afeto, e outras mudanças no texto original da PLC, que hoje não representam as pautas do movimento LGBT combativo e independente do governo.
Todos esses ataques colocam para o conjunto dos LGBT’s uma necessidade urgente de se organizar. Não vai existir por parte de Eduardo Campos ou Dilma nenhuma política contra a homofobia que não seja arrancada pelo conjunto do movimento LGBT combativo. É nesse sentido que a ANEL (Assembleia Nacional dos Estudantes- Livre) lança sua cartilha LGBT, que é um material de formação sobre a sexualidade, a homofobia, o conjunto das opressões e exploração e que vem pra dialogar com a nossa realidade e ser uma iniciativa para organizar os lutadores contra a homofobia e todas as formas de opressão. Aqui em Pernambuco, especialmente nesse momento de efervescência na temática da homofobia que vivemos, a ANEL acredita ser de maior importância unir a militância combativa contra toda e qualquer forma de opressão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário