terça-feira, 22 de março de 2011

Barraqueiros da UFPE em luta

O ano já começou com grandes dificuldades para os trabalhadores e juventude diante dos ataques do Governo Dilma: aumento das passagens, dos preços dos alimentos, desrespeitoso aumento dos salários dos parlamentares em mais de R$ 10 mil, enquanto o salário mínimo sofreu um repugnante ajuste de R$ 35,00, congelamento dos salários dos servidores das universidades públicas por 10 anos, corte de R$ 50 bilhões no orçamento geral da união, o maior já visto. Tanto o governo Eduardo Campos (PSB), o mais votado do país, como o prefeito da Cidade do Recife João da Costa (PT) seguem nesse mesmo caminho, dando as costas para a maioria que depositou confiança nas suas gestões.
Para os barraqueiros que trabalham nos arredores da UFPE a situação não é diferente. No dia 17 de março por volta das 9 horas da manhã, foi iniciada uma operação de retirada das barracas que ficam nas mediações do Hospital das Clínicas da UFPE, sob as ordens da Prefeitura do Recife e os órgãos Diretoria de Controle Urbano (Dircon) e Departamento Nacional de Infraestrura e Transportes (DNIT). A expulsão dos comerciantes foi executada pela Polícia Rodoviária Federal e a Tropa de Choque numa ação de grande violência e repressão, através de disparos de bala de borracha e bombas de efeito moral, ferindo vários comerciantes, estudantes e uma advogada que tentavam impedir a derrubada das barracas pelos tratores. Várias vias próximas ao local foram interditadas e até um helicóptero foi utilizado, como se aquela população representasse uma ameaça.
Tal operação já vem sendo desenvolvida em vários lugares do país, mais especificamente os estados que sediarão a Copa de 2014, constituindo uma política de limpeza das cidades por parte dos governos e prefeituras, para mascarar uma realidade de desigualdade profunda. No centro do Recife, outros estabelecimentos já foram brutalmente destruídos e ações recorrentes de apreensões estão ocorrendo em várias regiões da cidade e nenhuma resposta é dada aos ambulantes que já sofrem com a informalidade, ou seja, estão a mercê de ficarem sem trabalho, do qual dependem para sobreviver.
A partir desse desrespeito e truculência, os comerciantes partiram em direção da construção da União dos Barraqueiros da UFPE, com a finalidade de mobilizar e atuar de modo mais organizado nessa luta. No dia 19, a União dos Barraqueiros realizou uma reunião em frente ao SINTUFEPE para organizar as atividades da semana. A Assembleia Nacional dos Estudantes – LIVRE (ANEL) esteve presente, junto com outros estudantes e Diretórios Acadêmicos. Para nós, a unidade deve ser necessária para avançarmos na luta, compondo uma linha de frente contra esses ataques junto com os servidores da universidade, os moradores das comunidades e os estudantes, já que dependemos dos serviços prestados por essas barracas, como xérox e alimentação mais barata do que o recente aberto Restaurante Universitário (há mais de 15 anos fechado), com um dos preços mais caros do país, que não dispõe suas vagas pra todos e ainda se tem que esperar 1 hora para ser atendido. Tudo isso reflexo da falta de assistência estudantil na UFPE.
Ao final da reunião aprovamos um calendário para essa semana: segunda e terça com mobilização, panfletagem, confecções de faixas com a frase “Lutar não é crime lutar é direito” e abaixo-assinado. Na quarta-feira, os barraqueiros decidiram fechar seus estabelecimentos pela manhã e continuar com a agitação em torno do protesto que será na parte da tarde, 14h, com saída de ônibus em frente ao SINTUFEPE em direção a DNIT, para reivindicar a padronização e depois ato na Av. Agamenon Magalhães, a mais movimentada da cidade.

A ANEL afirma mais uma vez que essa luta também é nossa, unindo trabalhadores e juventude, e nas ruas vamos denunciar o verdadeiro caráter da prefeitura do Recife e a gestão de João da Costa, reivindicando melhores condições de trabalho.

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